Após enfrentar violência doméstica e racismo, gestora muda vida com faculdade de filosofia aos 49 anos

  • 08/03/2025
(Foto: Reprodução)
No Dia Internacional da Mulher, conheça a história de Cleusa Sueli Bueno da Silva, de 63 anos, moradora de Araraquara (SP). Cleusa da Silva ressignificou a sua vida ao encontrar na filosofia amparo para questões do cotidiano Arquivo pessoal Ela enfrentou falta de apoio, violência doméstica, racismo e problemas familiares até chegar à faculdade em 2010, quase aos 50 anos. No Dia Internacional da Mulher, comemorado neste sábado (8), o g1 traz a história da gestora de projetos de Araraquara(SP) Cleusa Sueli Bueno da Silva, de 63 anos, rumo à qualificação e transformação pessoal pelos estudos. 📲 Participe do canal do g1 São Carlos e Araraquara no WhatsApp “Recomendo que todas as mulheres busquem seus sonhos e estudem, pois a idade é apenas um detalhe. A expectativa de vida aumentou, e o conhecimento é fundamental para a transformação pessoal. A época de estudo foram os meus melhores anos. A fase que fui mais feliz na minha vida foi quando estava dentro dos muros da universidade”, disse Cleusa. VEJA TAMBÉM: Com dança, professora supera acidente que queimou 40% do corpo: 'me trouxe de volta à vida' Filosofia de vida A gestora decidiu prestar vestibular aos 49 anos e passou em filosofia na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em São Paulo. Ela contou que o curso a ajudou a encontrar mais sentido para as incompreensões da vida. “Sempre me incomodaram as questões da vida, as dificuldades do dia a dia, as questões econômicas e sociais, e o racismo, que eu sentia fortemente. Buscava caminhos para entender por que essas coisas aconteciam e como eu poderia superar essas situações. Percebi que era aquilo que eu precisava entender e saber”, contou. Veterana corajosa A diferença de idade não foi obstáculo no curso e ela contou que se deu muito bem com galera. Até hoje Cleusa mantém contato com a "turma da graduação infinita”. A colação de grau foi em 2016. “No primeiro dia de aula, no campus cheio de jovens, senti-me deslocada, pois estava há mais de 30 anos longe da escola. A recepção dos calouros, com pinturas e cortes de cabelo, não era a minha vibe. Na sala de aula, temi um choque geracional, pois a maioria dos alunos tinha 17 ou 18. Eu era a pessoa mais velha do curso. Surpreendentemente, não houve preconceito, e a interação foi fantástica. Criamos laços de amizade que duram até hoje”, comentou. Ativista política, ela participou de congressos, seminários, simpósios e teve contato com intelectuais de universidades e de vários países. LEIA TAMBÉM: SÃO CARLOS: Moradora do Aracy é a 1ª mulher negra eleita vereadora em São Carlos: 'esperança da periferia de ter representatividade' MEMÓRIA NEGRA: USP faz exposição fotográfica sobre famílias negras de São Carlos e sua relação com a cidade A gestora de projetos Cleusa Sueli Bueno da Silva ressignificou a vida com faculdade de filosofia Arquivo pessoal Sede de sobrevivência e de conhecimento Mãe de três mulheres 40+, as filhas concluíram o ensino médio e optaram por ingressar no mercado de trabalho, não seguindo para o ensino superior. Cleusa só não continuou nos estudos com o mestrado devido a problemas familiares. Ela já havia iniciado a iniciação científica na Universidade de São Paulo (USP) quando teve que ajudar uma filha adicta e voltou pra Araraquara para cuidar dos netos. Como muitas de mulheres brasileiras, ela passou por situações difíceis como a violência doméstica ao longo de sua vida, abandono de companheiro e precisou se concentrar na sobrevivência da família. “Passei por muita violência doméstica durante a minha vida, enfrentei traição e abandono de companheiro. Esse não foi só o problema, tive uma filha dependente química e foi uma luta muito grande. Minha vida sempre foi marcada por dificuldades, mas teve coisas boas também, claro”, contou. Para ela, cursar filosofia foi uma experiência enriquecedora e que a fortaleceu para diversos momentos rumo ao seu encontro pessoal, de libertação e realização. “Com a filosofia passei a entender mais o funcionamento do mundo, das relações sociais e econômicas e a ter mais respostas para dificuldades da vida prática. Minha única frustração é não ter iniciado a vida acadêmica mais cedo, pois gostaria de ter seguido carreira na área, participando de encontros, debates e pesquisas. Se eu tivesse começado aos 17 anos, talvez hoje eu fosse uma Sueli Carneiro ou uma Djamila Ribeiro”, concluiu. VEJA TAMBÉM: Dia das Mulheres: professora de Araraquara reflete sobre "renascimento" após acidente: Dia das Mulheres: professora de Araraquara reflete sobre "renascimento" após acidente REVEJA VÍDEOS DA EPTV CENTRAL: Veja mais notícias da região no g1 São Carlos e Araraquara

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2025/03/08/apos-enfrentar-violencia-domestica-e-racismo-gestora-muda-vida-com-faculdade-de-filosofia-aos-49-anos.ghtml


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